Recomendação Cultural
Somos da opinião de que cultura é fundamental para o desenvolvimento do ser humano. E isso acaba fazendo de você um investidor melhor, tenha o assunto a ver com finanças ou não. Assim sendo, gostaríamos de oferecer uma indicação quinzenal da qual gostamos e achamos que seria útil.
Life & Beth – Star +
Life & Beth me surpreendeu positivamente! Já explico o porquê.
Ela foi criada pela humorista Amy Schumer, que eu já conhecia de outros carnavais. Sua capacidade de atuar não me parecia ruim, mas seu ato de stand up comedy era extremamente grosseiro, na minha opinião. Diria até de mal gosto. Decididamente, não me levava em consideração enquanto público alvo.
Beth, no entanto, é uma personagem complexa e bem escrita. Em alguns momentos neurótica, é claro, mas tudo encaixa muito bem por conta da qualidade da trama.
Também é uma obra sensível, e aborda temas interessantes como Alzheimer e espectro autista de maneiro bem precisa.
Além disso, tem um apelo especial às mulheres, visto que a narrativa está numa linguagem claramente feminina.
Até agora são 2 temporadas. Assisti todos os episódios e recomendo!
Depois me avise se gostou!
Crônicas de Mercado
Periodicamente procuraremos trazer textos (crônicas) para nossos assinantes com o objetivo de levar a uma reflexão mais profunda sobre o mundo dos investimentos, assemelhando-o a nossa vida cotidiana, afinal, investir sempre fará parte da nossa vida cotidiana. Denominamos esses textos como “Crônicas de mercado”, e cada um deles virá com um tema diferenciado.
Me engana que eu gosto
Conforme eu disse no meu primeiro livro, “casamento é como política: monta-se um espetáculo com centenas de testemunhas e as pessoas sobem num palco (ou altar) e fazem um monte de promessas que nunca irão cumprir”.
Apesar de não tirar a razão de mim mesmo, não estava num momento especialmente otimista quando escrevi isso.
O tema retorna a minha mente por conta de uma pessoa próxima que se casará no próximo mês.
Casar é preciso. Movimenta várias industrias dentro de nossa economia: cineastas de comédias românticas, donos de lojas de flores, brechós de joias, fotógrafos, aluguel de roupas chiques e até mesmo os DJs que só conseguem trabalho nesse iluminado evento.
Além disso o casamento movimenta até a Igreja, uma das indústrias mais promissoras de nossa história.
Todo mundo sabe que casamentos perfeitos não existem. Ao menos fora do Instagram.
É uma luta.
De vez em quando o homem acha que a tampa da privada deveria ficar levantada; de quando em vez a mulher acha que deveria ficar pra baixo.
Muito eventualmente o homem ou a mulher são maduros o suficiente para entender que os problemas do casal não são o ocasionados pela tampa da privada.
A relação tem altos e baixos, como se fosse o gráfico de uma ação da bolsa. Claro que às vezes o gráfico desse casamento se assemelha mais a uma cotação da OIBR3, com enorme dificuldade em encontrar qualquer canal de alta.
É preciso cuidado para não casar com nenhum papel desse tipo, ou você corre o risco de perder metade de tudo que tem na hora em que stopar a operação.
É muito comum em alguns casamentos de hoje em dia, especialmente nos chiques, que haja uma empresa profissional organizando como serão os presentes; você entra no site e recebe a informação de que o casal passará a lua de mel na suíte presidencial de um resort caribenho.
Na verdade, o noivo tem um pavor incapacitante em relação a aviões e a noiva nem passaporte possui. Mas o que vale é a historinha bem contada, o “me engana que eu gosto”.
O convidado entra no site e recebe um menu de opções para escolher o presente inesquecível que dará para o casal: aí o cara recebe milhões de opções.
“caviar importado para alimentar o golfinho Flipper”
“passeio de triciclo pelo saguão do hotel com ar condicionado”
“noite de luau com guitarra original do Led Zeppelin”
“passeio radical de jet ski na piscina aquecida”
São sugestões e mais sugestões, cada uma mais glamurosa do que as outras.
Na realidade a empresa contratada vai tirar o seu fee de 15% e dará o resto em cash para os noivos.
Storytelling é importante. Você não quer dar dinheiro pro casal pagar o boleto da Net. Quer dar uma memória inesquecível, uma experiência sem outra igual.
Outra situação em que as pessoas costumam entrar de gaiato é em relação ao uso do cartão de crédito.
Não se gasta mais com cartão de crédito. Se gasta MUITO mais !!
E os motivos não são poucos! Vou mencionar apenas alguns!
· desconexão psicológica, já que o dispêndio efetivo de numerário é adiado para um momento posterior ao evento da compra;
· recompensas e benefícios – a gamificação dos pontos cria uma brincadeira que pode despertar uma vontade louca de comprar para aumentar sua pontuação.
· crédito abundante – é possível gastar até o que não se tem, esperando que milagrosamente chova dinheiro ao invés de água.
Eu me considero uma pessoa consciente financeiramente. E razoavelmente esperta para assuntos desse calibre.
Pois bem... Numa determinada ocasião, meu cartão de crédito foi clonado e eu decidi ficar uns 2 ou 3 meses gastando apenas da carteira.
Qual não foi minha surpresa quando percebi que dessa forma eu estava consumindo muito, mas muito menos do que em meu ritmo normal!
São casos de “me engana que eu gosto” muito comuns no que se refere ao dinheiro.
No mercado acionário temos um problema semelhante: ao fazer cadastro em alguma corretora, você recebe um enorme questionário que deveria te informar com segurança qual é o seu perfil.
O resultado na prática é que está cheio de investidor se achando arrojado que não tem coragem nem pra cortar um bolo de aniversário.
O cara tem um homebroker com tudo liberado, sai comprando derivativo como se fosse doce e no final da semana está devendo até as calças.
“Conhece-te a ti mesmo”, como diria o grande filósofo Sócrates. Que, até onde eu sei, nunca perdeu um único centavo em derivativos no mercado financeiro!
