Dados Econômicos
Esta semana o IGP-10, uma variação do IGPM, mudando apenas o intervalo de datas que é medido, foi divulgado para o mês de novembro e observamos uma variação de 1,45%, acima do 1,34% do mês anterior. Isso vai nos mostrando que a inflação segue com algum nível de pressão e o que deveremos ver neste último trimestre do ano.
E com o dólar neste patamar próximo de R$ 5,80, a inflação medida pelos IGP seguirá elevada, a não ser que ocorra uma queda nos preços das commodities. Por um lado, é positivo para FII de recebíveis expostos ao índice, mas é ruim do ponto de vista de decisão sobre juros.
Os juros futuros, observação que fazemos sempre pela NTNB 2035, fechou a semana em 6,67%, voltando a subir.
Vou começar este parágrafo e não sei como começo, se faço com “Apesar disso” ou “Em razão disso”, então, usarei os dois. “Apesar disso”/”Em razão disso” é possível que a projeção de crescimento do PIB do Brasil para este ano seja revista e suba de 3,20% para 3,40%. É um crescimento bastante robusto; no entanto, precisamos entender o que eu escrevi no começo deste parágrafo.
O crescimento do PIB, neste momento, é fortemente marcado por um maior gasto do Governo e não de investimentos feitos por empresas, ou de aumento de produtividade. E é justamente este maior gasto do Governo que faz os juros futuros subirem tanto. E este é o ponto complexo, pois juros elevados normalmente freiam a economia de um país, não geram crescimento. Juros muito elevados impedem as empresas de pegar dinheiro emprestado, investir, crescer e aumentar a economia. Mas o Governo tem feito isso, gastado mais, fazendo a roda da economia girar, mas este fazer a roda girar pode estar gerando o efeito de dependência de gastos do Governo para termos PIB.
Por sua vez, o Copom sobe a Selic para controlar a inflação, mas o Governo gasta mais e gera mais inflação, gerando uma situação extremamente complexa.
São cenários como este, com tantas dúvidas sobre a nossa economia e situações complexas de puxa e empurra que deixam investidores preocupados e faz muitos preços caírem. Geralmente são cenários como esses que são os melhores para investir, pois, quando está tudo normal e calmo não temos preços descontados.
A ineficiência do mercado não surge de os investidores não conseguirem interpretar os dados sobre a economia, ou sobre os ativos, mas de não conseguirem acertar o que vai acontecer no futuro diante de tantos cenários de incertezas. Quando os cenários são mais lineares e com menos incertezas, o mercado tende a ser mais eficiente. Não pense que o mercado é uma grande festa louca de ineficiência. Não, ele oscila entre eficiência e ineficiência, sendo que quanto mais incertezas, mais ineficiência existe. Mas claro, esses são os momentos mais difíceis de investirmos, pois temos mais risco.
Sigo entendendo que os ativos no Brasil estão muito descontados, apesar do cenário de incertezas que nos cercam, sendo um excelente momento para comprarmos e comprarmos e esperarmos. Siga o seu plano, não invente muita moda neste momento.
A queda nas cotações dos FIIs
Muitos investidores buscam entender todos os motivos que levam a queda na cotação dos FIIs. E nós, normalmente, explicamos alguns dos motivos, como juros futuros que geram a taxa de desconto, uma Selic elevada que gera uma atratividade maior de produtos bancários, investimentos em FIIs feitos sem o devido conhecimento e assim por diante.
Mas um motivo muito importante e que normalmente amplia as quedas para além da racionalidade, é a saída de investidores. Neste quesito, vou me valer da ideia de que uma imagem fala mais do que mil palavras (e olha que eu não pago imposto para escrever mil palavras).
Fonte: Relatório gerencial OUJP11 (outubro)
Desde junho de 2024 o fundo perdeu praticamente 10% de seus cotistas. É um volume expressivo para um fundo imobiliário. Agora imaginem os outros cotistas que venderam parte, mas não deixaram de ser cotistas. Depois, observem a grande queda na variação do número de cotistas de setembro para outubro.
É muito difícil você ter uma variação dessas e não ter queda na cotação em se tratando de FIIs.
Só isso explica as quedas de OUJP11? Não, já escrevemos aqui algumas vezes alguns desafios do fundo, mas como ele está descontado. E aqui temos um exemplo disso, que parte disso surge do movimento de saída de investidores, os quais, possivelmente compraram o produto sem estarem alinhado com ele.
Seguimos vendo um movimento muito forte de saída de investidores, de comentários ruins nas redes sociais. Recentemente estava relembrando janeiro de 2016, um dos momentos mais de maior “desespero” que vivemos no universo dos FIIs recentemente. Em janeiro de 2016 já vínhamos praticamente de 18 meses de quedas consecutivas nas cotações e os investidores ficando irritados com o investimento. Naquela época o número de investidores não chegava a 90 mil e as redes sociais não eram tão fortes no universo dos investimentos, usava-se muito fóruns. A mesma história, só comentários ruins, só a ideia de que era o pior investimento do mundo. No final de 2015 parecia que não tinha mais como cair, mas veio janeiro de 2016 e nos mostrou que no fim do poço sempre pode ter um alçapão. De janeiro de 2016 em diante os FIIs não pararam de valorizar até dezembro de 2019, com um pequeno “soluço” na metade de 2019.
Infelizmente não temos como saber quando será o “janeiro de 2016”. Parece que não ocorreu ainda e parece que pode demorar. Mas, só parece, qualquer tentativa de dizer se já ocorreu, ou quando vai ocorrer é mera besteira. Como não temos como saber, o negócio é continuar investindo e seguindo o plano, aproveitando que agora você compra mais renda, com a mesma quantia.
Enquanto uns vão saindo, nós vamos ficando. Seremos recompensados. Boa leitura.
O que ler
Por vezes escrevemos algo em um fundo e que nos ajuda a entender o mercado como um todo, de forma mais ampla. Nessas situações sempre destaco por aqui, para que o assinante com pouco tempo não deixe de fazer esta leitura.
Nesta semana este tópico está em XPPR11, acredito que é um tema que ajude aos investidores a olharem o mercado sem tanta ingenuidade e importante de ser lido.
Situações como esta sempre nos mostram o motivo pelo qual entendo ser importante fazer um acompanhamento amplo do mercado e não de apenas alguns fundos. Quem faz um pequeno acompanhamento, como apenas os fundos do IFIX, perde muito de aprendizado que situações observadas em vários fundos nos ensina. E esse aprendizado é cumulativo e vai ocorrendo aos poucos.
Como seria praticamente impossível para um investidor normal, trabalhador, ler tudo que o mercado produz semanalmente, nós estamos aqui para fazer isso e proporcionar essa simplificação do processo de obter informações, sempre alertando que não transformamos o mercado em simples, mas simplificamos o seu processo de investir.
Empilhe conhecimento, o seu “eu do futuro” vai agradecer.
