Dados Econômicos
Esta semana tivemos uma notícia boa em nossa economia, mas cuidado para não supervalorizar, neste momento, esta notícia. A agência de classificação de risco Moody’s elevou a nota de crédito do Brasil, nos deixando uma nota apenas abaixo do chamado grau de investimento. Além disso foi mantida a chamada perspectiva positiva, o que gera uma expectativa de nova elevação nesta nota, o que nos colocaria, para esta agência, como grau de investimento.
Um país que é grau de investimento ele recebe uma espécie de atestado de bom pagador, o que acaba gerando uma tendência de redução dos juros, ou melhor, do spread de juros entre nós e economias desenvolvidas como os EUA.
Mas calma, antes de você achar que os juros vão cair e os FIIs valorizarem, não é bem assim.
Nós ainda não somos grau de investimento e foi deixado bem claro que o Brasil precisa melhorar a sua questão fiscal antes de realmente ganhar este selo. Depois, foi apenas uma das três principais agências que elevou a nota. As outras duas agências, Fitch e Standard & Poor’s, ainda mantém o Brasil duas notas abaixo do grau de investimento. Para o país receber o selo de bom pagador é necessário que pelo menos duas agências o considerem como grau de investimento.
Assim, o caminho para isso acontecer pode ter encurtado, mas ainda está longe.
O ponto positivo é que esta alteração não está no preço dos ativos e, novas mudanças podem beneficiar consideravelmente a precificação, mas, tudo isso vai depender de como o Brasil vai levar as suas contas públicas em 2025.
Enquanto isso, seguimos na volatilidade de nossos juros futuros, pois esta notícia não mudou nada. A NTNB 2035, a qual estamos acostumados a acompanhar, fechou a semana em 6,43% e isso vai seguir pressionando o mercado.
No fronte inflacionário a bandeira vermelha nas contas de energia e um possível aumento dos alimentos em razão da seca geram receio de uma inflação mais elevada no último trimestre do ano, o que levaria a Selic seguir subindo, mas claro, os rendimentos dos FIIs de recebíveis também.
Como já dito em outros relatórios, é o momento de plantar. Eu sei que é difícil para muitos investidores observarem as suas cotas caírem e escutarem que é o momento de plantar, mas acredito que o nosso relatório consiga ter dado conhecimento para o investidor aproveitar este momento.
Não é apenas sobre os juros futuros
Os FIIs não estão caindo apenas em razão da alta dos juros futuros ou da Selic. Um ativo negociado em bolsa de valores, seja um FII, uma ação, ou qualquer outro ativo, ele cai pelo fato de que há mais pessoas vendendo do que pessoas comprando. Os motivos das vendas são os mais variados possíveis, pode ser um ativo com problema, como tivemos HCTR11 no passado, pode ser cálculos de preço justo, em razão dos juros futuros, mas pode ser apenas investidores desalinhados com o produto.
Atualmente nós temos um número muito elevado de investidores em FIIs e, por acompanhar de perto a evolução desta indústria ao longo dos anos, observo claramente que um percentual muito elevado desses investidores não é alinhado ao propósito dos FIIs, ou não buscou compreender o investimento.
É muito grande o número de pessoas a acreditarem que a renda do FII está diretamente ligada ao seu valor de cotação, ou seja, se a cotação cai, ele receberá uma renda menor, assim, se a cotação seguir caindo, a renda vai continuar caindo. Isso é tão verdade que em nosso curso iniciante eu gravei uma aula só para explicar isso.
Agora você, que é assinante do DesmistificandoFII, com certeza o serviço mais antigo e totalmente independente do Brasil e o mais profundo, consegue imaginar que alguém pensa assim? Pois é, muita gente pensa assim e acaba tomando a decisão por vender as cotas em razão disso. Você, por ter um conhecimento já mais avançado, normalmente não consegue acreditar que isso acontece e se pergunta os motivos das quedas, mas por vezes são pessoas vendendo por este motivo.
Depois, é muito grande o número de pessoas que vieram investir em FIIs como se fosse um outro investimento qualquer, tipo um CDB, e por meio das chamadas carteiras automatizadas. Quando a cotação começa a cair e ele observe a desvalorização do patrimônio, o medo bate, pede o saque e, com muitas pessoas fazendo isso, um volume muito grande de vendas ocorre.
Depois, ainda temos as pessoas que começaram a investir de forma mais consciente, mas sendo bombardeados dia após dia com comparativos entre CDI e investimento baseados em dólar, acabam desistindo dos FIIs e vendendo as suas cotas.
Vamos somando os vários motivos e os FIIs e as ações vão caindo dia após dia e a até mesmo aqueles que estão a mais tempo vão tendo um certo receio e a ideia de que é o melhor momento para se investir vai ficando cada vez mais nublada.
É isso que colabora com as quedas das cotações, ou seja, não se trata apenas de uma precificação de preço justo, mas realmente de um movimento de medo claramente observado nos investidores e, como sempre acontece, o melhor momento para se investir é o momento que mais pessoas saem. Mas claro, isso é meio óbvio, se não tivessem muitas pessoas saindo, o melhor momento para investir não apareceria, pois os preços não chegariam nesses patamares.
Lembrem-se desse ensinamento do Buffett.
Depois, lembre-se, parte do nosso desempenho como investidor depende do nosso psicológico, da forma como tratamos os investimentos, por isso nesses relatórios temos gastado (investido) um pouco mais de tempo para trabalhar esses aspectos com os nossos assinantes, pois eu a importância que é reforçar esses conceitos.
Na medida do possível tenho tentado trazer citações e textos que auxiliem o investidor a refletir e aproveitar as oportunidades que estão no mercado.
Uma boa leitura e ótimos investimentos.
