Super concentração em fundos do Pátria, o que fazer?
Muitos investidores vão começar a passar por esta situação, ter uma superconcentração em fundos da Pátria, tendo em vista que agora juntou tudo, VBI, CSHG e Pátria.
Não gosto de estar muito exposto a uma única Gestora. Uma diversificação inteligente nos diz que precisamos diversificar também os Gestores, mesmo sendo aqueles que acompanhamos e vemos realizar um bom trabalho há anos. Lembremos, a diversificação nos protege do que não conseguimos ver.
Uma exposição acima de 25% já deveria levantar o sinal de que mudanças na carteira serão bem-vindas.
O investidor não precisa sair desesperadamente girando a carteira por causa disso. Pode seguir acompanhando, buscando opções de investimentos e usar isso como dinheiro para fazer as movimentações.
Lembre-se também que uma forma de equalizar a sua carteira é com os novos aportes, ou seja, com o dinheiro novo que entra e possibilita você realizar novas compras. Se isso já for suficiente para melhorar a diversificação, as vendas podem até serem desnecessárias.
Agora é o momento de o investidor colocar em prática as suas análises e suas estratégias, mas a minha recomendação é não mantenha concentrações elevadas em uma única Gestora por muito tempo.
Dados econômicos
Esta semana começo a sessão dos dados econômicos com uma sugestão de leitura, a carta sobre o cenário macroeconômico que está no começo dos relatórios de julho dos fundos da Vinci.
A carta foi muito bem escrita e acredito terem conseguido resumir muito bem o cenário econômico que o país passa e o que poderemos ter pela frente. Para fazer a leitura, basta digitar na barra superior do DesmistificandoFII o código de qualquer fundo da Vinci, como VCRI11, depois ir em comunicados e clicar no último relatório divulgado. Lembre-se, no seu e-mail tem o link para vídeos que explicam como aproveitar melhor a nossa nova plataforma, ainda em construção, mas essa parte de documentos está completamente pronta, aproveitem.
Cenários futuros são impossíveis de serem traçados, mas, conseguimos sempre olhar, analisar e ter algum nível de expectativa. Aquele cenário traçado nesta carta, que nada mais é do que um resumo do que estamos vendo e comentando ao longo dos relatórios, pode abrir espaço para cortes de juros no próximo ano. Claro, vamos somar a isso tudo os possíveis cortes de juros nos EUA e uma troca da composição do Banco Central, mas alinhada com o atual Governo.
Como eu disse, cenários futuros são difíceis de serem traçados, mas aquela carta resume bem, o Governo por um lado gastando mais e gerando inflação e o Banco Central por outro lado mantendo juros elevados e tentando conter a inflação. Os juros brasileiros são extremamente elevados e, havendo um controle de gastos por parte do Governo seria possível pensar em reduções nesses juros, aproveitando um possível cenário internacional.
Em uma situação como essa teríamos uma tendência de os FIIs de tijolo terem uma maior valorização, por isso entendo que o investidor não deva “jogar a tolha” para os FIIs de tijolo e ficar superconcentrado nos FIIs de recebíveis, olhando para os rendimentos.
Não gosto de pautar os meus investimentos com base em expectativas futuras sobre a economia, pois é impossível sabermos o que pode ou não acontecer, mas olhando para os ativos. O que temos é que os FIIs de tijolo são precificados, na média, como se os juros estivessem até mais elevado, nos gerando uma boa margem de segurança. Caso os juros tenham uma redução, poderíamos observar uma boa valorização. Mas uma redução dos juros só viria se a inflação estivesse mais controlada e isso levaria a uma redução dos rendimentos dos FIIs de recebíveis e, quem sabe, até a uma desvalorização desses, os quais fecharam um GAP de desvalorização recentemente.
Recentemente escrevi sobre esta coluna e que o objetivo é trazer uma visão para o investidor do que está acontecendo e ajudar a entender, quem sabe, o que pode estar pautando os demais investidores, abrindo eventuais oportunidades para movimentação de carteira. Mas o objetivo não é criar uma cultura no investidor de tentar adivinhar o futuro e pautar os seus investimentos por isso. E, esta semana, li um trecho de Warren Buffett sobre isso e aproveito para compartilhar com os assinantes:
Esta semana também foi divulgado o IGPDI de julho, o qual fechou em 0,83%, acima de algumas projeções observadas no mercado. O índice mais elevado é decorrente de uma alta do dólar e dos preços das commodities. Isso demonstra que devemos ter alguma pressão na inflação com os dólares nesses patamares.
Depois, também tivemos a divulgação do IPCA de julho, o qual fechou em 0,38%, acima da expectativa da Anbima de 0,32% e acima dos 0,21% de junho. Com isso o acumulado em 12 meses da inflação fechou em 4,50%, o limite da meta, já considerando a sua margem. A alta da inflação foi fortemente marcada pela elevação do preço da gasolina, a qual foi responsável por 0,16 pontos. O que mais me chamou a atenção foi o índice de difusão, de apenas 46,90%, um patamar muito baixo e aponta que a inflação está menos disseminada pelos produtos.
O dado é bastante negativo e, como dito nos parágrafos iniciais, o país precisa fazer um esforço do lado fiscal, o que poderia permitir um melhor controle da inflação e até do câmbio, que também ajudaria no controle da inflação.
Após a divulgação do índice de julho a Anbima divulgou a sua expectativa para agosto e esta é de 0,02%. É certo que eles não estão acertando muito, mas sempre chegam próximo e isso seria uma boa redução.
O ponto é que o atual patamar inflacionário dificultaria cortes de juros; no entanto, os juros futuros na semana apontaram diferente.
A NTNB tinha fechado simbolicamente abaixo de 6% na última semana, em 5,99%, o que me fez escrever sobre uma possibilidade de valorização dos FIIs de tijolo, caso esses patamares fossem mantidos.
Já na segunda-feira observarmos uma forte queda na NTNB, vindo a fechar em 5,87%, dado um movimento de forte queda dos juros americanos, bem como um dia agitado nas bolsas de valores pelo mundo. Mas nos dias seguintes os juros voltaram para levemente acima de 6%. No entanto, nesta sexta-feira uma nova queda forte, fechando a semana em 5,91%, curiosamente no dia que foi divulgado o IPCA e este não foi dos melhores.
O resultado disso foi uma boa valorização das ações de properties e construtoras, algumas subindo mais de 10% na semana. O IMOB, índice da B3 que mede essas empresas, valorizou 5,61% na semana. Por sua vez, o IFIX ficou de lado, caindo 0,56%. Essa diferença, no entanto, não nos diz que o IFIX precisará valorizar, pois as ações daquelas empresas tinham caído demais e por isso a valorização mais rápida com a queda dos juros.
Os juros futuros continuando nesses patamares, abaixo de 6%, podem levar a uma valorização dos nossos FIIs de tijolo, mas por enquanto não foi tão rápido como vimos nas empresas do setor imobiliário na bolsa de valores. Também não temos como saber se os juros continuarão nesses patamares, sendo mais provável que tenhamos um pouco de volatilidade pela frente. De qualquer forma, eu priorizaria um pouco os FIIs de tijolo, ou, comprando FIIs de recebíveis, buscaria mais risco, em busca de um retorno maior, como explicado nos tópicos de VCRI11 e OUJP11. Mas claro, tudo isso vai depender da atual composição da carteira de cada investidor.
O que ler neste relatório
Mesmo que você não tenha RBVA11 em sua carteira, sugiro a leitura do seu tópico, entendo que pode proporcionar uma excelente reflexão sobre o mercado de FIIs para você.
