Somos da opinião de que ler é fundamental para o desenvolvimento do ser humano. E isso acaba fazendo de você um investidor melhor, tenha o assunto a ver com finanças ou não. Assim sendo, gostaríamos de oferecer uma indicação quinzenal da qual gostamos e achamos que seria útil.
Normalmente nossa indicação cultural recomenda livros, mas The Last of Us justifica outra exceção, e eu explico o porquê.
Para início de conversa, The Last of Us tem uma origem sui generis: veio do mundo dos videogames.
Nos videogames, para quem não sabe, o normal são historinhas bem fraquinhas, só pra constar. Poderiam ter sido escritas por uma criança de 9 anos.
Não é o caso de The Last of Us! A história te prende na cadeira – é realmente cativante e bem bolada. Assim, nada mais justo do que adaptá-la para a tela da TV, que hoje recebe produções mais cuidadosas do que aquelas que vão para o cinema (refute-me!)
Neil Druckmann, criador do roteiro original, foi trazido para trabalhar ativamente na produção. A adaptação ficou excelente! Música espetacular; maquiagem, cenografia, efeitos sonoros... nada fica pra trás. HBO não costuma brincar em serviço, e essa série é mais uma prova disso. Até o momento, tem nota 9,3 no IMDB. Não é à toa.
Periodicamente procuraremos trazer textos (crônicas) para nossos assinantes com o objetivo de levar a uma reflexão mais profunda sobre o mundo dos investimentos, assemelhando-o a nossa vida cotidiana, afinal, investir sempre fará parte da nossa vida cotidiana. Denominamos esses textos como “Crônicas de mercado”, e cada um deles virá com um tema diferenciado.
Eduardo, o macaco civilizado
Eduardo sempre foi um macaco que se destacou de seus pares. Enquanto seus colegas passavam o dia descascando bananas, Eduardo já comia bananada, bolo de banana e vitamina de banana.
O macaco estudou desde cedo, se instruiu. Enquanto seus amigos passavam o dia de frente pra TV assistindo King Kong, Eduardo já era fera naquele joguinho de memorização, onde 9 números desaparecem da tela e é preciso guardar a sequência certa tocando nos espaços escondidos.
Dudu queria as coisas boas que a sociedade capitalista pode oferecer, e não há nada de errado com isso. Queria o celular de ponta, o tablet de ponta, o microcomputador de ponta, de preferência daquela marca mais famosa, a Banana, cujo símbolo era uma banana mordida, faltando um pequeno pedaço.
Depois de mais de 10 anos aplicando suas economias em poupança e CDI de bancão, Bernardo descobriu coisas melhores a se fazer com o dinheiro, e conheceu a renda variável. Sem dúvida, era um macaco muito à frente de seu tempo. A maioria de seus amigos civilizados nem mesmo conseguiam guardar dinheiro, quanto mais investir! A maioria da macacada ficava devendo juros exorbitantes de cartão de crédito, gastando mais do que tinha e esperando que tudo fosse se ajustar como num passe de mágica.
Eduardo abriu conta na corretora e começou a operar. Mas o problema é que ele era impaciente demais!! Ficava pulando de galho em galho. Uma alta de 2% e ele já vendia, excitado. Uma queda de 5% e ele se desesperava... Tudo o que ele queria era que o preço voltasse ao que era antes, pra ele não vender com prejuízo. Às vezes demorava meses pro preço voltar. Até mesmo anos. Às vezes nunca voltava.
Mas o pior mesmo ainda eram os daytrades. Operava derivativos e ficava pulando de galho em galho. Normalmente saía no prejuízo.
De vez em quando achava um influencer que falava com muita confiança no Youtube. “Se a confiança era tão grande, ele deve saber do que está falando”, pensava! Normalmente não sabia, e Eduardo percebia isso logo antes de pular em galho em galho novamente.
Controlar a impaciência nunca foi fácil, mas depois de perder várias vezes isso estava ficando ainda mais difícil. Cada vez mais nervoso, Dudu pulava de galho em galho... Pulava de galho em galho.
Até que um dia ele não aguentou mais. Após perder a maior parte de suas economias, Eduardo desistiu de tudo e voltou pra selva. Dizem que hoje em dia ele tem dificuldade até pra descascar as bananas. Pra quem pergunta sobre Renda Variável, ele tem uma resposta na ponta da língua: “Bolsa é cassino!”
Não seja como Eduardo! Paciência aqui é fundamental. Fazer bons investimentos é como ver a grama crescer. Não é emocionante. Se você sentar de frente pra grama e esperar, vai se frustrar. Regue a plantação, espere e ela dará frutos! Bananas, inclusive.
