Recomendação Cultural
Somos da opinião de que cultura é fundamental para o desenvolvimento do ser humano. E isso acaba fazendo de você um investidor melhor, tenha o assunto a ver com finanças ou não. Assim sendo, gostaríamos de oferecer uma indicação quinzenal da qual gostamos e achamos que seria útil.
Astro Bot - PS5
Astro Bot é um jogo diferente, e é muito fácil explicar o porquê.
Apesar de ser um jogo infantil e, portanto, concorrer numa categoria própria para tal, ele esse ano ganhou a premiação de melhor jogo do ano no mais concorrido prêmio do universo de videogame. Não é muitas vezes que isso acontece.
Nesse meio-tempo, comprei o jogo de presente pra Filha, e ela gostou bastante. Até eu me surpreendi jogando.
É bem lúdico, divertido e criativo. Além disso, certamente não o poria na prateleira de jogos altamente viciantes.
Para quem tem alguém em casa apaixonado por videogames mas deteste ficar ouvindo os gritos e ver o sangue vindos dos jogos, aqui está uma sugestão perfeita.
Vá por mim.
Crônicas de Mercado
Periodicamente procuraremos trazer textos (crônicas) para nossos assinantes com o objetivo de levar a uma reflexão mais profunda sobre o mundo dos investimentos, assemelhando-o a nossa vida cotidiana, afinal, investir sempre fará parte da nossa vida cotidiana. Denominamos esses textos como “Crônicas de mercado”, e cada um deles virá com um tema diferenciado.
Constrangimento à prova
Neylor sempre foi uma criança gordinha.
Sua mãe era daquelas que tinha medo de que o filho passasse fome, de forma com que fazia que o garoto fosse devidamente empanturrado. Desde bebê, ele se acostumou com comidas vindo a galope na direção de sua boca, estivesse ele com fome ou não.
Comida é bondade minha. Muitas delas eram apenas produtos alimentícios.
Claro que depois de aprender a falar o garoto já poderia abrir a boca (antes que a comida entrasse) pra comunicar que estava sem fome.
Dessa forma, tudo indica que sua mãe não insistiria muito para que ele comesse.
Porém, chegando nesse ponto da vida, Neylor já estava acostumado a comer por entretenimento. Seu estômago já estava dilatado e ela já tinha esse mecanismo preparado pra lidar com todo tipo de tédio ou frustração.
Afinal, essa era a sua realidade. Desde que se entende por gente, seu pai era gordo e sua mãe era gorda.
Seu pai parecia não ligar muito para o sobrepeso. Fazia piadas de gordo com frequência, muito provavelmente como um reflexo aprendido. O que nada mais era do que um mecanismo de defesa. Ele se sacaneava antes que os outros o pudessem sacanear. Humor autodepreciativo.
Em inglês a expressão completa é “self-deprecating humor”. Não sei por que ponho o chapéu de professor de inglês ao invés do de escritor. Me esculpem.
Sua mãe, por outro lado, era mais chegada numa negação.
“Eu faço tudo o que está ao meu alcance! Mais eu não posso fazer”, dizia, se fazendo de vítima.
Preocupadas em não comer porcarias demais, ela só comprava ovos de vez em quando, porque a gordura da gema supostamente aumentaria o colesterol.
Por outro lado, quando não dava tempo de preparar carne, a refeição acabava sendo lasanha com arroz mesmo.
O universo de Neylor, portanto, era comer.
Ele estava de férias, de forma que gostava de sair à rua na hora do almoço.
O moço tinha 3 lugares preferidos, perto da rua onde morava. Ele saía de carro, naturalmente, apesar dos lugares ficarem a 300 metros de casa. Afinal de contas, “quem é que tem coragem de sair nesse calor a pé?”
O Obeso muitas vezes pensa em comida o dia inteiro: “o que eu vou comer que deve ser mais gostoso?” “o que eu posso comer que não vai me engordar muito?” “será que já está na hora de comer novamente?”.
Assim, Neylor já imaginava os cardápios antes mesmo de chegar nos lugares. Ele gostava de um pastelzinho de queijo no 1º deles. Mas só quando estava com cara de fresquinho.
O 2º tinha uma mini coxinha super apetitosa. O 3º, por final, fazia um frango frito empanado no panko que era uma perdição!
Nem sempre os cardápios eram os mesmos. Neylor tinha medo de errar e deixar de comer algo muito gostoso. “Já pensou se eu entro no 2º e eles estão sem coxinha hoje? Aí eu perco a oportunidade de comer um panko fresquinho, com crosta de queijo parmesão!”
Putz... Aquilo que ele não comeu era quase sempre mais gostoso do que o que ele pôs na boca. Se estivesse em falta a coxinha, então... era quase garantido de voltar pra casa triste, comprando um chocolate no caminho pra consolar.
Neylor sabia o que era ideal; ideal era entrar nos 3 lugares, ver todos os cardápios, sair e só depois decidir onde comer, de acordo com o que lhe apetecesse mais.
Ou então fazer um mini prato de cada lugar e juntar todos eles depois. Isso seria o máximo! O suprassumo da gulodice.
Mas ele não tinha cara-de-pau pra fazer isso.
Ficava preocupado com o que as outras pessoas iam pensar dele. Com os olhares de desaprovação, que muito provavelmente só existiam em sua própria cabeça. Ao menos em sua maioria...
Nesse dia ele entrou em busca da coxinha. Logo viu que naquele dia não tinha. As outras coisas do cardápio também não estavam tão apetitosas. Mas o lugar estava cheio... como estava cheio!
As pessoas olhavam pra ele. Pelo menos é essa a impressão que ele tinha.
A vontade, naturalmente, era a de devolver a comandazinha e simplesmente ir embora, a pé mesmo. Sem muito mistério. Um pé na frente do outro. Mesmo assim, ele não conseguiu fazê-lo. A vergonha o consumiu!
“O que é que as pessoas iriam pensar de mim?”, era o que pensava o moço – alheio a constatação de que as pessoas em sua volta estavam preocupadas com uma série de coisas a sua volta, menos com ele.
Morrendo de vergonha, ele pegou um prato, e cabisbaixo, entrou na pequena fila para montar o seu próprio prato.
Imagine que você está vendo um apartamento com um corretor. Ele te mostra, empolgado, tentado usar daqueles artifícios de vendas dos anos 80, mais ultrapassados do que um aparelho de pager.
Adjetivos a dar com o pau, e a empolgação de um vendedor iniciante.
O problema é que, nesse cenário, você já viu rapidamente que o apartamento não atende ao seu perfil. O cara quer te mostrar a garagem. O cara quer te mostrar a área comum, com o salão de festas que tem espaço kids.
E aí? Você mata a empolgação do moço?
Ou finge algum interesse e gasta o seu tempo e o dele por conta de um possível constrangimento?
Uma situação muito comum é a seguinte: o investidor tem um assessor de investimentos, ou simplesmente um gerente de banco, que fica sugerindo várias operações no mercado.
A maior parte delas não é excelente para quem está pondo o dinheiro, mas sim para quem ganha a comissão – no caso, quem ofereceu o negócio “imperdível”.
Muitas vezes, o investidor tem conhecimento de que a operação sugerida é meia boca, mas mesmo assim aceita o negócio de qualquer jeito.
Ele pensa: “ah, é pouquinha coisa em relação a tudo que eu tenho, o cara é gente boa... Deixa eu fazer esse negócio aqui pra dar uma ajuda pra ele.”
No entanto, o que se esconde atrás da consciência, na psiquê, não é vontade de ajudar o cara, e sim constrangimento pela situação.
O camarada tem dificuldade pra falar “não”, e algumas pessoas se aproveitam dele por conta disso.
Não seja esse cara!!
É necessário um certo patrimônio pra ter uma aposentadoria tranquila, e não queremos que o seu “eu” do futuro fique constrangido com as decisões que você toma hoje.
