Recomendação Cultural
Somos da opinião de que cultura é fundamental para o desenvolvimento do ser humano. E isso acaba fazendo de você um investidor melhor, tenha o assunto a ver com finanças ou não. Assim sendo, gostaríamos de oferecer uma indicação quinzenal da qual gostamos e achamos que seria útil.
The Whale (filme)
"The Whale" é um filme lançado em 2023, baseado numa peça homônima de teatro.
Tanto a peça quanto o filme foram escritos pela mesma pessoa, no caso Samuel D. Hunter.
Gosto muito quando isso acontece, porque não há o risco de um bom argumento dar uma inacreditável transloucada só porque o novo redator queria deixar a marca dele.
Nem toda história é como Clube da Luta, em que o final foi mudado e o autor original achou excelente.
Voltando a baleia, o filme conta a história de um professor de inglês com obesidade mórbida.
O texto é sensível e inteligente, e a interpretação de Brendan Fraser magistral, tendo lhe rendido o Oscar de melhor ator.
Vale muita a pena, mas é preciso pontuar que a história é triste. Não é toda hora que gostamos de encarar esse tipo de obra.
Veja lá!
E depois me diga se ele não merecia o Oscar!!
Crônicas de Mercado
Periodicamente procuraremos trazer textos (crônicas) para nossos assinantes com o objetivo de levar a uma reflexão mais profunda sobre o mundo dos investimentos, assemelhando-o a nossa vida cotidiana, afinal, investir sempre fará parte da nossa vida cotidiana. Denominamos esses textos como “Crônicas de mercado”, e cada um deles virá com um tema diferenciado.
O Paradoxo do Maço de Cigarro
Cigarro faz mal pra saúde.
- Pô, Eurico! Pra quê começar a crônica com uma obviedade dessas?
Ah! Aí é que está!
Obviedade hoje... Antigamente a banda tocava de um jeito diferente. Diferente e bem mais esfumaçado.
Em 1950, se você fosse uma mulher grávida que estivesse ansiosa, seriam grandes as chances de seu médico te recomendar alguns maços de cigarros.
Era um tal de médico famoso aparecer fumando em anúncio de cigarro que não está no gibi!!
Felizmente, o mundo evoluiu muito e os médicos não recomendam mais cigarros. Só outras drogas que fazem mal pra saúde.
Quando meu pai era garoto, a indústria do fumo queria passar uma imagem de saúde e se associava a atletas. Gérson, o canhotinha de ouro, fez um anúncio de cigarro que já virou até crônica nossa.
Na fórmula 1 o problema era tão grande que os autódromos mais se pareciam com convenções tabagistas.
Hoje em dia, graças a Deus (e a ciência) não há mais esse problema.
Resta pouca dúvida de que o cigarro faz mal à saúde. Todo mundo sabe disso, até mesmo aqueles indivíduos de QI bem baixo que ficam idolatrando políticos.
Infelizmente, o problema não se resolve só com informação. As pessoas sabem que faz mal à saúde, mas continuam fumando assim mesmo.
Não todas as pessoas, é claro. Só as fumantes. As outras apresentam outros tipos de vício.
Isso virou um problema de saúde pública. Não só no Brasil, como em quase todos os países do mundo.
Um dia, alguém teve uma ideia para resolver esse problema.
- Cigarro pode causar câncer, não é? Pode causar doenças respiratórias. Pode causar impotência. Por que a gente não põe umas imagens bem assustadoras nos maços?
Assim o maluco olha a embalagem, fica com o estômago embrulhado e desiste desse troço!!
O raciocínio do rapaz que teve apenas um traço de diálogo na nossa história não estava errado.
Parecia muito perspicaz, por sinal.
Pessoas com poder de decisão foram convencidas, leis foram feitas e passou a ser obrigatório as imagens perturbadoras por ali.
Quando foram computar os resultados, descobriram que as pessoas estavam fumando mais, e não menos.
Ninguém entendeu nada. As companhias de tabaco também não, mas passaram a dar a maior força para que as imagens permanecessem.
Os pesquisadores puseram-se a estudar e finalmente se deram conta: ao lembrar o tempo todo de que aquele ato causava uma gama de consequências graves, os viciados ficam estressadíssimos! E o que fazem quando ficam muito estressados? Se você disse “fumam mais ainda” parabéns!! Você resolveu a equação!
Infelizmente, o resultado é contraintuitivo.
Imagine que alguém com sobrepeso está com dificuldade para começar uma dieta e fala: “hoje vou alugar o “The Whale”, ver o que pode acontecer com quem tem compulsão alimentar e tomar tenência...
Ah, se fosse assim!!
O rapaz com sobrepeso certamente iria comer mais junk food nos próximos dias, depois de observar os desafios enfrentados pelo protagonista do filme e ficar aflito como nunca.
“E no mercado financeiro, Eurico?”
Ah!!
Achei que você não fosse perguntar isso.
No mercado financeiro é o seguinte:
Imagine que você foi diligente. Assinou uma boa research, entendeu o que a companhia faz e deu até uma olhada no relatório divulgado pela empresa.
Confiante, comprou um bom pedaço da sua carteira.
Com o tempo, no entanto, a cotação não sobe. Pelo contrário, ela começa a cair.
Você começa a ficar preocupado. “Será que eu deixei de ver algo?” “Será que vou perder parte do meu rico dinheirinho?”.
Nesse momento você lembra que está de férias do serviço e decide olhar a cotação de 20 em 20 minutos. Afinal, com mais informações a respeito da cotação talvez você consiga tomar uma decisão melhor, não é mesmo?
Péssimo plano!! Cada vez mais nervoso, você se apavora e vende o papel, apenas para vê-lo disparar uns poucos pregões depois.
Há coisas que não valem a pena.
Olhar as cotações a toda hora é uma delas!
Resista à tentação!
Mesmo que não perca dinheiro, há um risco de você se empanturrar de chocolate ou começar a fumar.
