Dados Econômicos
A semana no Brasil começou agitada em relação aos juros futuros, tendo o Tesouro Direto IPCA 2045 alcançado o patamar de 6%, indo em linha com o destaque que tinha feito no último relatório.
Na sequência, na quarta-feira, tivemos a divulgação do surpreendente IPCA de março, o qual fechou em 0,16%, muito abaixo das expectativas dos economistas. O índice veio muito baixo e fez o acumulado de 12 meses fechar em 3,93%, o que deixa abaixo do teto da meta. Além disso, o índice de difusão caiu para 55,70%, indicando uma dispersão menor da inflação.
O índice foi surpreendentemente baixo, dando espaço para as pessoas questionarem o dado nas redes sociais; no entanto, o dado é este e é com ele que se trabalha. Logo após a divulgação os juros futuros até ensaiaram uma queda, mas não durou mais do que 30 minutos.
Na sequência da divulgação do IPCA, foi divulgado o CPI americano, que mede a inflação deles, e o dado foi acima das expectativas. Por lá a inflação fechou o mês de março em 0,40%, enquanto havia um consenso de 0,30%, o que fez os Treasuries de 10 anos subirem forte por lá, na expectativa de que os cortes de juros nos EUA poderão ser mais lentos para conseguir controlar a inflação. Isso gerou impacto nas bolsas de valores e nos juros futuros no Brasil.
Com isso, as nossas NTNB de 2045 fecharam em 6,01%, enquanto a de 2035 em 5,96%, o que são patamares bem elevados. Já o IFIX, surpreendentemente fechou em +0,06%, diferente do IBOV que fechou em queda, mas pequena, de -0,67%. O índice que mais caiu na semana e que seria o comparativo mais próximo com o IFIX seria o IMOB, que caiu -3,84% ou o IEEX, o qual caiu -2,09%. O primeiro mede as empresas do setor imobiliário, uma ligação natural com os FIIs, e o segundo com as empresas do setor elétrico, uma ligação natural com a previsibilidade de geração de caixa e dividendos dos FIIs.
Esses dados nos mostram um pouco que o IFIX conseguiu ir na contramão dos dados econômicos da semana, assim, caso o cenário de pessimismo continue nos próximos dias, não descartaria pequenas quedas nos FIIs. Prever o futuro é tarefa impossível, por isso o mais prudente é seguir investindo sempre, mas isso sempre serve de alerta para aquele investidor que teve recursos mais polpudos entrando recentemente, para dividir mais os aportes.
Um ponto muito importante dessas elevações dos juros futuros, especialmente os títulos do tesouro atrelados ao IPCA e com prazo de 10 anos é o fato de que fazem os valores patrimoniais dos FIIs de recebíveis caírem, pouco, mas caem e isso faz com eventuais ágios que estão sendo pagos no momento, fiquem maiores ainda.
Depois, como o investidor verá ao longo desse relatório, já começamos a observar um grande fechamento do GAP entre valor de mercado e valor patrimonial nos FIIs de recebíveis, especialmente os da Kinea. Alguns da Kinea e até mesmo da Vectis já “bicam” um pouco acima do valor patrimonial, mostrando que a nossa insistência há um tempo sobre eles foi bastante acertada. Pois bem, os fundos administrados pela Intrag, ou seja, Vectis, Kinea e Itaú, acabam tendo impacto imediato da inflação nos seus rendimentos, dado modelo competência que adotam. Isso significa que os rendimentos estão bons agora em razão da inflação mais elevada e os próximos rendimentos ainda refletem parte da inflação de fevereiro. Na sequência o IPCA já mostrou esta forte queda e, a depende do índice de abril, pode provocar quedas mais robustos nos rendimentos. Não saia vendendo seus fundos por causa disso, não agora, a não ser que tenha outra coisa no seu radar; no entanto, não faria nenhum sentido comprar mais cotas desses fundos no momento.
AGE dos fundos da CSHG
Agora sim, os fundos geridos pela CSHG divulgaram suas AGEs para que os cotistas de cada fundo votem sobre a substituição da gestão para o Pátria Investimentos. Nessa etapa, cada fundo (HGFF, HGRE, HGCR, HGLG, HGRU, HGPO e CBOP11) precisará que seus cotistas aprovem por quórum qualificado (no mínimo 25% das cotas) a substituição.
Não será uma tarefa fácil, principalmente para o HGLG e HGRU, que possuem 461,6 mil e 204,3 mil cotistas, respectivamente. Se você é cotista, participe das assembleias.
As instruções de como votar podem ser acessadas no seguinte LINK, ao final do site, na seção “Como votar”.
Os fundos também divulgaram um documento com as principais perguntas que os cotistas podem vir a ter sobre este tema, respondendo cada uma delas. Excelente demonstração da Gestora com a preocupação em sanar as duvidas de seus cotistas.
Aqui não vou poupar minhas palavras e a minha recomendação é simples, aprovem o quanto antes esta pauta. A venda vai ocorrer e poderia ter sido pior, como vimos, outras Gestoras tinham interesse e poderia reduzir a qualidade do fundo. Gostaríamos que fosse formada uma nova gestora independente, com o time atual do CSHG, mas isso não foi possível.
Assim, quanto antes os investidores aprovarem esta pauta, antes os fundos estão livre para seguir os seus caminhos. Como o HGRU11 vai fazer a sua emissão com esta pendência? O HGPO11 em rota de liquidação e tendo que lidar com troca de Gestor. Não tem como, entendo que os investidores devem se esforçar para votar e pedir aos amigos para votarem e na minha visão aprovar o mais rápidos possível esta pauta.
O que ler no relatório
Sei que nem todos os assinantes consegue tempo para ler integralmente o relatório, o qual, geralmente é longo. Assim, em algumas vezes acho importante fazer alguns destaques, especialmente em fundos que nem todos os assinantes vão ter.
Assim, neste relatório a minha recomendação de leitura diferenciada está em FATN11, HFOC11 e FLFL11/PVBI11.
A leitura desses três tópicos possui dois motivos. O primeiro, é o ponto que sempre insisto da necessidade de acompanharmos de forma ampla o mercado, saindo daquela ideia ingênua de que basta ler alguns poucos documentos de uns 10 ou 20 fundos e eu cuidarei bem dos meus investimentos. Somente quem consegue realmente acompanhar mais informações consegue extrair conteúdo de qualidade e não apenas conteúdo para o qual se é direcionado.
E o segundo ponto é justamente o que este acompanhamento permite te fazer pelo conhecimento dos três gestores dos fundos, Unitas, Hedge e VBI, cada qual em seu momento. A figura do Gestor é muito importante dentro dos FIIs e conhecer o trabalho que realizam nos permite confiar mais ou menos quando desafios são postos na mesa. Nesses dois casos o destaque é para o confiar mais.
No texto sobre o FATN11 o assinante verá que o fundo faz um negócio que gera um aumento de risco de curto prazo enorme e pode levar a alguns investidores saírem do fundo; no entanto, o processo de acompanhamento da Gestora me faz confiar e acreditar que fazem o negócio para gerar valor e não em uma aventura financeira como já vimos no mercado. Já o texto de HOFC11 apenas consolida novamente o como é possível confiar na Hedge, mesmo quando os desafios são enormes e nem foram causados pelas suas estratégias, mas por outra Gestora.
Esse tipo de acompanhamento é essencial para entendermos e avaliarmos sempre o mercado. No caso do FATN11 o Gestor se colocou na linha de fogo para se testar ao mercado e vais nos exigir acompanhamento agora.
Já no texto do FLFL11/PVBI11, levantou-se uma dúvida muito preocupante sobre a Gestora VBI e a sua grande geração de taxas para o mercado financeiro. Já havia apontado em outros relatórios e agora parece ficar ainda maior. O negócio é apenas um sinal e precisará ser confirmado, como explicarei adiante, para isso o acompanhamento é tão essencial. Se confirmado, não se destrói valor no curtíssimo prazo, mas o risco de longo prazo é enorme e então precisamos ter atenção.
