Recomendação Cultural
Somos da opinião de que cultura é fundamental para o desenvolvimento do ser humano. E isso acaba fazendo de você um investidor melhor, tenha o assunto a ver com finanças ou não. Assim sendo, gostaríamos de oferecer uma indicação quinzenal da qual gostamos e achamos que seria útil.
Solar Opposites – Star +
Solar Opposites é uma série muito inteligente.
Acho que poucos discordariam dessa afirmação.
Em formato de desenho animado, o programa conta a história de 4 aliens que deixaram seu planeta antes de uma explosão total (estilo super homem) e vieram morar na terra.
Os extraterrestres vivem juntos dos humanos e não tem a menor paciência para entender os costumes de nosso povo.
Em meio a isso as “crianças” diminuem vários humanos de tamanho com uma arma. O resultado é uma imensa sociedade de pessoas do tamanho de uma unha vivendo junto com objetos em tamanho real.
Achei genial.
Os diálogos são rápidos.
Os tempos de comédia, quase perfeitos.
Importante avisar, no entanto, que pode ser considerado pesado e gerar desconforto por algumas pessoas que não estiveram à vontade para assistir alguns episódios de South Park, por exemplo.
São 4 temporadas até então, com poucos episódios.
Mais do que recomendo!
Crônicas de Mercado
Periodicamente procuraremos trazer textos (crônicas) para nossos assinantes com o objetivo de levar a uma reflexão mais profunda sobre o mundo dos investimentos, assemelhando-o a nossa vida cotidiana, afinal, investir sempre fará parte da nossa vida cotidiana. Denominamos esses textos como “Crônicas de mercado”, e cada um deles virá com um tema diferenciado.
Finanças na Floresta
Heleno foi um elefante muito aguardado durante a gravidez. Aguardado até demais, se você quer minha opinião de narrador onisciente que adora dar pitacos.
Digo isso porque ele foi o 1º filho, 1º neto e 1º sobrinho de toda sua árvore genealógica. Foi mais paparicado do que jogador de futebol chamado de “menino” a carreira inteira.
Os tios e primos fizeram uma caravana para ver o seu nascimento, comparecendo em massa para o evento. Não era pouco! Cada um deles tinha uma massa de 4 toneladas.
No dia do nascimento, ninguém se aguentava mais de expectativa.
Até mesmo porque a gestação da espécie dura em torno de 22 meses.
O nome escolhido foi Heleno, pra homenagear Heleno de Freitas, grande ídolo botafoguense da década de 40.
“Puxa, mas até os elefantes que você cria são botafoguenses?”
Não posso fazer nada! Eles é que viram o Garrincha jogar uma vez e nunca mais se esqueceram daquelas pernas tortas!
A mãe de Heleno, Leonarda, queria muito gêmeos. Mas isso é um evento muito raro entre os elefantes.
Antes que você reclame do nome da mãe do bichinho, já digo logo que nada tenho a ver com isso! Reclame com o pai da Leonarda, que a registrou no cartório da floresta.
Desde pequeno, nosso protagonista foi paparicado pela família. Todos perguntavam pra ele: “o que você vai ser quando crescer?” “você vai trabalhar com o quê?”
Parecia meio cedo pra perguntar isso, sem dúvida. Afinal, ele só tinha 2 anos. Elefantes só são considerados adultos com 17!!
Duas coisas provocavam essa indagação prematura: a 1ª é o fato da sociedade se preocupar muito com o “título social” que os elefantes levam após escolherem seu trabalho.
Dentro dessa sociedade, por exemplo, os veterinários têm os trabalhos mais bem pagos. Já os médicos ganham bem mal, como meu irmão imagina que acontecerá com a classe daqui a uns 20 anos.
O 2º motivo remete a falta de segurança que os elefantes têm com seu plano de aposentadoria do governo.
Não é à toa! A previdência é um problema enorme, mas os políticos fingem não perceber. Além disso, eles fazem promessas de campanha e nunca cumprem.
Elefantes, ao contrário dos humanos, não tem memória curta e nunca se esquecem das bobagens tipicamente ditas durante a eleição. E, algumas vezes também, muito depois da eleição ter terminado.
Até os 5 anos Heleno dizia que queria ser piloto de fórmula 1. Todo mundo achava muito engraçadinho, coisa e tal, mas sabia ser impossível. Afinal, nenhum carro conseguiria aguentar as 5 toneladas de peso e ainda ser competitivo.
Aos 15, nosso herói já sabia da importância de escolher a carreira certa, e realizou um teste vocacional.
O resultado nem chegou a surpreender muito: ele levava jeito para ator, humorista, tradutor, professor... todas as profissões em que a memória é muito importante, e que quem lembrar de muita coisa sai na frente dos demais animais da floresta.
Mas nosso herói acabou ignorando o teste, pois tinha pressa de ganhar dinheiro.
Seu raciocínio tinha até certa razão. Elefantes tipicamente já estão na 3ª idade com
48 anos, tendo limitações físicas e de energia.
Vivem até 60 anos, ou pouca coisa mais.
Logo, ele imaginava que ganhando um salário maior ia ser mais fácil de guardar bastante.
O elefante se encantou com alguns altos salários divulgados no mundo das finanças. Bem verdade que muitos tem que trabalhar 12 horas por dia e recebem muito menos do que se imagina.
“Eu só durmo 4 horas por noite! Trabalhar 12 horas não está tão ruim assim!”, pensou o bichinho.
O elefante se formou em economia, foi para um bancão e deu um jeito de trabalhar na área de tesouraria deles.
Inteligente, aprendeu rápido vários padrões financeiros rápidos, sem nunca se esquecer das lições.
Além disso, estudou finanças comportamentais para não ter o tapete puxado por si próprio.
O mais irônico foi o que aconteceu depois: ele acabou boicotando o próprio plano. E nem foi por causa das finanças comportamentais!
Veja só: Heleno trabalhava muito, e chegava em casa cansado. Sua esposa ficava frustrada com a falta de companhia e reclamava o dia todo, sem conseguir verbalizar a raiz de seu problema.
Ele mal tinha tempo de ver os filhos, e se cobrava muito por isso.
Pra piorar a história, ele não gostava tanto assim de finanças. Queria mesmo era ter sido ator! Assim poderia externalizar todo o seu carisma!
Era cansativo trabalhar dessa forma, mas a função não era fácil de largar: ele pensava em seus filhos Huguinho, Zezinho e Luisinho: “puxa, já não consigo dar atenção pra eles, agora ainda vou deixar a casa com restrições orçamentárias? Não tem como!”
Antes de continuar com a história, vale observar que elefantes são realmente péssimos para dar nomes aos filhos. Aos menos nas minhas histórias...
Voltando ao Heleno:
Triste, ele continuava no mesmo batente, mas começou a gastar pra distrair a cabeça. Megasena, jogo do tigrinho... Black Friday, ofertas da Amazon.
Ora essa, ele não precisava nem da oferta da Amazon pra comprar!
Pra aplacar o desanimo, às vezes ele pagava o preço cheio mesmo no site do Bezos! E olhe que nem eram coisas que ele estava precisando.
No fundo, no fundo, ele sabia disso.
Mas pensava: “eu já trabalho tanto, ganho bem... eu mereço me mimar bastante. Afinal, quase todos os meus amigos fazem o mesmo!”
Guardou pouco, porque não sobrava nada no final do mês. Ficou estressado.
Se comparava com os outros e nunca gostava do resultado. Teve até um irmão chamado Sergio Marquina, que fez carreira como professor e sempre teve bastante grana na sua conta bancária.
Sem dúvida Heleno viveu uma vida de qualidade inferior ao que poderia.
Muitos acham que o segredo para acumular patrimônio é ganhar bem demais. Não necessariamente.
Mais vale alguém que ganha 5 salários-mínimos e guarda metade do que alguém que ganha 10 salários e rala pra guardar 10%.
E não é só isso!
Já cansei de conhecer gente que ganhava muito mais do que eu e chegava no fim do mês no cheque especial. Até mesmo pagando juros do cartão de crédito.
Trace uma meta e seja coerente com ela.
Seja determinado!
Não faça como Heleno, que se lembrava de quase tudo, mas que se esqueceu do seu planejamento financeiro.
