Dados Econômicos

 

Esta semana foi divulgado o IPCA de setembro, o qual fechou em 0,48%, levemente abaixo das expectativas. A expectativa da Anbima era de 0,54%, mas o índice veio levemente abaixo. Apesar de menor que a expectativa, não é o suficiente para gerar otimismo para uma redução dos juros. No acumulado de 12 meses o IPCA está em 5,17%, bem acima da meta e no acumulado do ano está em 3,64%, também acima do centro da meta e temos três meses pela frente.

 

O ponto positivo foi o índice de difusão, que reduziu de 56,8% para 52,3%, tendo a inflação ficado bem concentrada na parte de habitação.

 

Com base neste cenário, os juros futuros seguem elevados e uma expectativa de uma valorização dos FIIs de tijolo em razão deste gatilho não deve ocorrer agora. Observe, não ter este gatilho é diferente de não ser atrativo investir em FIIs de tijolo, apenas se precisa ser seletivo, como temos sido.

 

Já os FIIs de recebíveis, com este patamar inflacionário conseguem gerar uma boa remuneração com os seus rendimentos, pois voltamos para o patamar inflacionário de março/abril, superando a deflação de agosto.

 

Assim, sigo na visão de que não há uma classe preferencial no momento, em que devemos concentrar, mas aproveitar para manter a carteira diversificada, fora eventuais reflexões de aumentar a exposição em FoFs e multiestratégias.

 

Por fim, os juros futuros, olhados pela NTNB de 2040, fechou em 7,35%. Isso mesmo, os juros deram uma boa esticada esta semana. Lembrando, no relatório anterior estava em 7,22%. Caso mantido esses juros mais elevados por algumas semanas, podemos voltar a observar volatilidade nos FIIs de tijolo.

 

 

A “novela” MP 1.303 chegou ao fim

 

Vai mudar, não vai mudar, vai mudar, não vai mudar, não mudou nada. A MP 1.303 perdeu a sua eficácia e não foi votada no Congresso, assim, não teremos nenhuma mudança na tributação dos FIIs, ou no formato de cálculo dos seus rendimentos.

 

Por isso sempre insisto para termos muito cuidado em agirmos em cenários de calor do momento, em que tudo pode mudar. Evidentemente que ninguém quer ou deve ficar sentado esperando o pior acontecer para depois agir, isso não faz sentido. Mas é importante lembrarmos do ditado que “o melhor momento para comprar guarda-chuva é quando tem sol”, que faz alusão ao fato de se deixarmos para comprar um guarda-chuva quando está chovendo, possivelmente paguemos mais caro.

 

O momento de se proteger de cenários que podem mudar é antes da possibilidade de o cenário mudar. E como se proteger? Diversificação alinha aos objetivos do investidor, a sua capacidade de investimento etc. Outra forma de proteção é escolher adequadamente os ativos que farão parte de nossa carteira, assim por diante.

 

Por isso, pense o seguinte: Se a MP 1.303 tivesse passado a sua carteira teria impacto em razão do regime competência e caixa? Se sim, pode ser o momento de refletir sobre a sua diversificação, ou a sua estratégia.

 

 

 

Um novo risco para os FoFs e Multiestratégias?

 

A dúvida que os investidores passarão a ter agora é se um novo risco precisa ser contabilizado na precificação dos FoFs e os Multiestratégias em razão dessa discussão entre lucro caixa e lucro competência.

 

É possível que sim, no entanto, entendo que com o tempo o assunto esfrie e os investidores passem a não considerar como um grande peso. Essa discussão é antiga e já foi feita em episódios passados no universo dos FIIs, com a possibilidade de mudança por decisão da CVM, no caso envolvendo o MXRF11.

 

É possível que os investidores mais “atentos” ao tema, a minoria, até fiquem com um certo receio dessa classe de ativos e exijam mais prêmio para comprar; no entanto, com o tempo isso vai passar.

 

Mas o mais importante ainda não falei, que é o motivo das aspas no atentos acima. Os investidores que fazem um certo acompanhamento vão ficar com receio dessa classe de ativos, mas aqueles que acompanham com mais profundidade vão entender que, mesmo em uma alteração do regime de caixa para o regime de competência, não haveria destruição de valor dentro desses fundos. O chamado total return nesses fundos seria semelhante, pois os fundos não deixariam de receber os rendimentos, mas apenas deixariam de pagar. Ou seja, em uma situação extrema de mudança do regime caixa para o regime competência e um FoF precise ficar 18 meses sem distribuir rendimentos em razão de prejuízos acumulados, o fundo ficaria 18 meses recebendo os rendimentos e comprando mais cotas e mais cotas, aumentando o seu valor patrimonial. Quando retornasse a distribuir rendimentos, a sua capacidade de receber rendimentos seria até superior. Ou seja, uma mudança igual essa seria sim impactante, pois sabemos como os fundos são precificados pela sua capacidade de distribuir rendimentos; no entanto, a geração de valor seguiria muito semelhante e, em caso de desvalorizações extremas, teríamos uma das maiores oportunidades de todos os tempos.

 

Assim, entendo que a forma de precificar esses fundos não deveria mudar em razão desse risco, o qual sempre existiu, já que mesmo em caso de mudança, a geração de valor pouco muda. O que precisa mudar, quem sabe, é o cuidado com carteiras concentrada em uma única classe de ativos, especialmente para quem faz o uso da renda, pois, em um episódio desses o investidor teria uma redução drástica da renda.