Dados Econômicos
Esta semana foi divulgado o IPCA-15 de maio, a prévia da inflação. O índice veio em 0,36%, abaixo de abril de 2025 e abaixo de maio de 2024, permitindo o acumulado de 12 meses reduzir um pouco, para 5,40%, mas ainda bem acima do teto da meta. O índice ficou um pouco abaixo das expectativas de mercado, o que levou a Anbima a alterar a sua projeção para o IPCA de maio de 0,37% para 0,34%; no entanto, subiu a expectativa de junho de 0,27% para 0,35%. Observem que se o índice ficar dentro das projeções, teremos uma certa estabilidade entre abril e junho, uma estabilidade um pouco mais alta, mas uma estabilidade.
Isso acaba sendo muito positivo para a distribuição de lucros dos FIIs de recebíveis, gerando uma maior estabilidade, como o investidor gosta.
Para os impactos nas variações das cotas, seria necessária uma alteração dos juros futuros, como sabemos, e isso só será possível com índices de inflação mais baixos, ou com sinais de que se colocar um certo pé no freio dos gastos fiscais. Na verdade, os dois índices são interligados e se tem tido dificuldade de vislumbrar este pé no freio. Enquanto não se vislumbrar isso, os juros futuros seguem mais elevados, como podemos observar no Tesouro IPCA 2040, sem cupom, que se manteve estável praticamente, fechando a semana em 7,01%.
Na semana também tivemos a divulgação do IGPM de maio, o qual apresentou deflação, como, de certa forma já era esperado. O índice fechou negativo em -0,49%, bem abaixo de abril que foi 0,24% e bem abaixo de maio de 2024, que tinha sido de 0,89%. Isso fez com que o acumulado em 12 meses reduzisse bem, mas ainda continuasse em 7,02%. Aqui não temos um impacto direto na meta da inflação, mas pode gerar efeitos indiretos em casos de acumulação, seja positivo, seja negativo. O índice mais elevado gera uma correção dos aluguéis, especialmente de escritórios e shoppings, que usam mais este índice, para valores mais elevados.
A Anbima já divulgou as suas projeções para junho e julho, prevendo um índice em -0,19% e +0,20% respectivamente, mas eu não descartaria alterações. Um dos componentes que fez o índice cair em maio foi a baixa do dólar no período, ocorre que logo após o fechamento do período de maio o dólar voltou a subir em razão da polêmica e da preocupação do aumento do IOF.
Na semana também foi divulgada a geração de empregos formais para abril, que fechou em 257.528, um patamar elevado e acima das expectativas. É um dado que deveríamos ver como positivo, mais pessoas empregadas, significa uma economia funcionando bem; no entanto, quando se quer reduzir a inflação, subindo os juros, pretende-se o contrário, uma desaceleração da economia. As maiores gerações de emprego foram do serviço e do comércio, o que pode gerar uma relação indireta com a expansão fiscal, a qual normalmente gera uma maior demanda interna, gerando um maior consumo. Ou seja, é um dado que pode justamente indicar aquela relação que temos dito, a política monetária (o Banco Central) coloca o pé no freio, mas a política fiscal (o Governo) coloca o pé no acelerador e nós vamos ficando meio que parados, a inflação não cai, mas também não sobe muito, mas os juros não caem também, gerando mais problema para o futuro. Por sinal, esta política fiscal com um pé mais no acelerador é um dos motivos que fez a agência de classificação de risco Moody’s alterar a perspectiva de rating do Brasil de positiva para estável, mantendo a nota Ba1. Importante destacar que em outubro de 2024 esta agência havia alterado o rating de Ba2 para Ba1, mas com perspectiva positiva. Ou seja, a classificação agora ainda é melhor que a anterior, mas ainda seguimos com uma nota de grau especulativo.
A interligação dos dados da semana confirma um pouco o que temos visto ao longo dos últimos meses em que uma redução de juros e que possa gerar uma valorização dos ativos em bolsa não é algo muito fácil de vislumbrar. O investidor, nesse momento, não deve confundir a correção dos preços absurdamente descontados, com uma valorização por melhoras de expectativas econômicas.
O cenário acaba sendo positivo para quem compra, pois os preços dos ativos segurem pressionados, mas, quanto mais tempo de juros elevados, mais riscos econômicos futuros vamos tendo, o que nos exige muito critério ao investir, para não se ter ativos que vão acabar tendo problemas, especialmente nos FIIs de recebíveis.
Assim, ao invés de ter escrito uma página e meia com os dados econômicos, poderia apenas ter escrito “nada mudou, siga investindo, os FIIs de recebíveis vão seguir entregando bons rendimentos e os FIIs de tijolo vão conseguir passar um bom reajuste para os aluguéis, mas não possuem gatilho de valorização consistente, só de correções de preços absurdamente descontados”.
Boa leitura.
Rendimentos e variações de destaque
Na última sexta-feira a maioria dos FIIs teve sua data-com dos rendimentos e alguns se destacaram nas quedas e outros na alta.
Começando pelas quedas, podemos observar quedas de rendimentos nos FIIs de recebíveis administrados pela Intrag, efeito do seu regime de competência: VCJR11 caiu 30%, KNIP11 caiu 16,80%, KNSC11 caiu 9%, ICRI11 caiu 4%. Observe que não é uma queda para ficar baixo, mas pelo fato de que os anteriores eram elevados. Todos esses fundos ainda ficaram com rendimentos acima de 1% a.m. com base na última cotação. Ou seja, tecnicamente uma queda dessas não deveria impactar o valor da cotação, mas, os investidores são sempre imprevisíveis.
Nas altas, SHPH11 já era mais que esperado, pagou o seu rendimento com aquele ganho extra do prêmio da venda da propriedade. Surpresa mesmo ficou com FVPQ11, que pagou o dobro do rendimento que vem pagando. Chama a atenção, pois não é final de semestre e a Rio Bravo tem dito que tentaria linearizar. Será que podemos esperar R$ 1,00 no próximo mês novamente? Vamos ver no relatório gerencial.
E claro, se nos fundos da Intrag citados acima observamos quedas por causa do regime de competência, em KCRE11 observamos uma alta de 27%, pelo mesmo motivo. Isso ocorre pelo fato de que este fundo tem um “delay” de um mês a mais, ou seja, tudo que acontece naqueles fundos no mês anterior, acontece aqui no mês posterior, por isso a elevação e, no próximo mês voltamos para a média.
O PQDP11 também nos trouxe um pouco de alegria e o rendimento ficou 22% superior, passando de 1% do valor da cotação. Mas, alegria mesmo só se o Governo perder o recurso especial apresentado da decisão do CARF.
No mais, os FIIs, como esperado, mantiveram estabilidade, com pouca variação de rendimentos.
