Dados Econômicos
Esta semana tivemos a divulgação do IPCA-15, a prévia da inflação oficial, e o índice fechou em 1,23%, sendo a maior taxa mensal desde abril de 2022 e o maior índice para fevereiro desde 2016. Já era esperado que o índice viesse elevado. As expectativas eram até um pouco mais elevadas, em torno de 1,36%, mas o índice ainda veio bem elevado.
A maior parte da alta veio da energia elétrica e do setor de educação.
Com a divulgação do IPCA-15 fica claro que teremos um IPCA mais próximo das expectativas apontadas pela Anbima, a qual reviu a sua projeção e reduziu para 1,29% em fevereiro, mas subiu a de março de 0,50% para 0,54%. Com isso, algumas projeções do IPCA para 2025 estão próximas de 6%, como a da XP que passa a projetar 6,10%. Uma inflação bem fora da meta com uma possível Selic elevada com certeza não é um cenário favorável para a valorização de ativos negociados em bolsa e isso pode seguir pressionando as cotações.
Nesta semana também tivemos a divulgação do IGPM de fevereiro, o qual fechou em 1,06%, acima da projeção da Anbima de 0,98%. O índice tinha fechado janeiro em 0,27% e agora esta alta em fevereiro. No acumulado de 12 meses o índice passou a subir 8,44%, o que é bom para os FIIs de tijolo que precisam reajustar os seus aluguéis, mas ruim para o amigo assinante que paga aluguel e terá o contrato reajustado. Mesmo com um arrefecimento do dólar o índice fechou em patamares elevados, seguindo a pressão inflacionária e a pressão por juros mais elevados.
Possivelmente enquanto o Governo seguir aumentando os gastos será difícil a elevação dos juros conseguir gerar efeito substancial no controle da inflação e vamos seguir vendo este cenário. E, falando em gastos, o Poder Executivo não tem dado sinais de que vai caminhar para este controle, deixando o “Sr. Mercado” bastante apreensivo.
Nossos títulos do Tesouro que agora acompanhamos, o Tesouro IPCA 2035 com cupom semestral fechou a semana em 7,84%, após ter fechado em 7,49% na semana anterior. Foi uma elevação rápida em apenas uma semana, refletindo um pouco esta preocupação do Sr. Mercado com o andamento da política fiscal do país.
Apesar disso, muitos FIIs observaram variação positiva ao longo desta semana e o IFIX fechou com uma alta de um pouco mais de meio ponto percentual. Será que a valorização continuará?
“Os FIIs não param de subir”
Isso é o que muitos investidores estão dizendo nos últimos dias, de que os FIIs subiram muito e começam a ter a dúvida “será que ainda vale investir?”.
Este tipo de dúvida é bem comum, pois o investidor acaba ficando com um viés dos preços passados; no entanto, é importante ter em mente que situações como as observadas em dezembro e janeiro costumam ser atípicas e pontuais, derivadas de uma somatória de fatores que culminam naquele tipo de queda.
Não foram poucas as vezes que escrevi como os FIIs, especialmente os de recebíveis e os multiestratégias/FoFs, estavam exageradamente descontados e que não precisaria nenhuma mudança econômica para que eles valorizassem, bastaria tirar um pouco daquele exagero.
Pois é, aconteceu um pouco disso, mas só um pouco. Os FIIs ainda estão muito descontados, especialmente essa classe. Temos multiestratégia negociando com 20% de desconto para o VP, FII de CRI negociando com mais de 20% de desconto para o VP e FoF negociando com mais de 15% de desconto para o VP. Alguns fundos valorizaram, isso é normal dentro daquele cenário, mas o que não nos falta é ativo descontado.
Mas, realmente, os FIIs nas últimas duas semanas observaram uma boa valorização. Ocorre que, curiosamente, as ações negociadas na B3 tiveram uma boa queda. Só esta semana o Ibovespa caiu mais de 3% e o IMOB caiu praticamente 8%, com quedas acentuadas nesta última sexta-feira, enquanto o IFIX foi na contramão, subindo levemente na semana.
É difícil dizer se isso seria um sinal de que os FIIs poderiam voltar a desvalorizar, mas, realmente aumenta o potencial de novas quedas, caso as ações não recuperem um pouco. Não temos como tentar orientar o investidor a esperar para novos aportes, pois, por um lado realmente aumenta um pouco o potencial de novas quedas, mas, por outro lado, os FIIs estão muito descontados. A forma de equilibrar a nossa incapacidade de prever o futuro é o investidor conseguir fazer os aportes naqueles fundos que eventualmente estão mais descontados no momento. Outra forma seria para o investidor que tem tanto FIIs, quanto ações. Neste caso não teria dúvida de recomendar dar mais atenção para os novos aportes em ações. Se em dezembro e janeiro era claro a atenção maior em FIIs de recebíveis e FoFs/Multiestratégias, agora os aportes em ações é mais recomendado. Observe, isso para aquele dinheiro novo, não é uma recomendação de vender FII para comprar ações.
Somos incapazes de dizer como os investidores vão se comportar nos próximos dias, no entanto, precisamos considerar que a maioria dos FIIs ficou com o dia “com” nesta última sexta-feira, que os juros futuros observaram uma alta considerável nesta semana, especialmente na sexta e que as ações observaram desvalorização considerável nesta última semana, especialmente na sexta. Assim, não descarto realmente que nos próximos dias, mantendo este cenário, os FIIs voltem a desvalorizar, ou pelo menos frear algum processo de valorização.
