Recomendação Cultural
Somos da opinião de que cultura é fundamental para o desenvolvimento do ser humano. E isso acaba fazendo de você um investidor melhor, tenha o assunto a ver com finanças ou não. Assim sendo, gostaríamos de oferecer uma indicação quinzenal da qual gostamos e achamos que seria útil.
Perfekt Verpasst - Prime Video
Peço desculpas pelo aparente xingamento. O nome da série é em alemão.
Para procurar para ver, talvez seja melhor pesquisar pela tradução em inglês “The Perfect Miss”.
É uma comédia romântica. Distrai e é divertida. Dois experientes comediantes alemãs estrelam essa produção, e estão realmente bem no papel. São 8 episódios na 1ª temporada, cerca de 30 minutos em cada um.
Se você curte esse gênero ou gosta de fugir um pouco das produções norte-americanas, essa é uma excelente pedida!
Crônicas de Mercado
Periodicamente procuraremos trazer textos (crônicas) para nossos assinantes com o objetivo de levar a uma reflexão mais profunda sobre o mundo dos investimentos, assemelhando-o a nossa vida cotidiana, afinal, investir sempre fará parte da nossa vida cotidiana. Denominamos esses textos como “Crônicas de mercado”, e cada um deles virá com um tema diferenciado.
Princípio do Pintinho
- Que tal você abrir um restaurante, Pedro?
- De novo essa história, Zelda?
- Ora essa, por que não? Você não tem saco pra trabalhar na oficina, não gosta de ouvir desaforo de chefe no escritório...
- Pô, Zelda, mas também meu último chefe foi uma mala ao cubo! Era tão mala que poderia ser narrador de futebol!
- Tem sempre uma desculpa, Pedro. E volta e meia você fica desempregado!
- É...
- Tu sabe que cozinha bem pra caceta !...
- Eu mando bem, mas será que a nível profissional?
- Evidente, Pedro! Todo mundo fala isso da tua comida!
- É verdade, Pedro! Ela faz sucesso pacas mesmo – disse eu, o narrador, interrompendo de maneira não solicitada e deixando sua opinião.
- Pô, narrador, tu tá aí ouvindo tudo? – assustou-se Pedro
- Sim, tô na área. Eu sei que não é de bom tom narrador se intrometer no diálogo da crônica, coisa e tals... mas é que tua comida manda muito bem, Pedro. Eu não me controlei!
- Compreendo. Valeu pela força!
Percebendo que não tinha muito o que fazer ali, o narrador - que às vezes se refere a si mesmo em 3ª pessoa - saiu abruptamente da conversa para não mais voltar, deixando o casal continuar sua discussão:
- E aí, Pedro? Já se convenceu? – Zelda estava impassível, obstinada a seguir com o plano
- É, de repente é uma... E como é que seria esse restaurante?
- Como assim, como seria? De preferência servindo comida.
- Ok, ok... Mas servindo com que estilo?
- Como assim? Bolei agora...
Pedro prosseguiu:
- Há vários estilos diferentes. Escola americana, russa, japonesa, francesa, etc.
- O que é escola americana?
- Na escola americana o cliente pede a comida e espera. O prato já vem pronto, montado na cozinha.
- Montado? Montado pra mim é um quando um cavaleiro sobe em cima do cavalo!
- Ah... entendeu, não sacrifica, né, Zelda?! Cozinha tem que montar as paradinhas, a apresentação é metade do prato. Antes de comer, muitas vezes o cliente já escolheu se vai achar a comida gostosa ou não.
- Aí tem que dar um trato na comida, né? Fazer uma maquiagem...
Mesmo sem achar muita graça no específico uso de “maquiagem”, Pedro continuou:
- É claro! O cara já recebe montado, e o restaurante consegue atender mais gente, dando prioridade para a velocidade.
- É tipo um fast food, então, né? Mas a gente não vai concorrer com o Mc Donalds. Como seria a escola russa?
- A russa é um banquete mais formal. O cliente espera na mesa e o garçom vem com aquele bandejão enorme, cheio de travessas de comida!
- Pô, aí o maluco tem que ser acrobata pra não deixar a comida cair no chão!
- Bom, não precisa ter vindo do circo, mas um mínimo de coordenação motora é esperado.
Após uma pausa para respirar, Pedro continuou:
- Aqui há um toque de formalidade. Tipo “pode ficar sentado aí que eu ponho tudo no jeito pra você”.
- Mas eu ainda escolho a quantidade de comida, não? Não gosto de desperdício!
- Sim, você escolhe a quantidade. Na escola francesa, ao menos.
- E na japonesa?
- A japonesa é uma parada mais formal. Discreto, respeitoso...
- Tô gostando dessa parada japonesa!
- Sim. O foco aqui é não interromper a experiência do cliente sem necessidade, o que seria considerado rude.
Zelda se lembrou que ainda estava faltando falar de algo:
- E a última delas?
- A francesa? Aí vem da escola europeia. A experiência do cliente deve ser facilitada ao máximo.
- Como assim, Pedro?
- Ué, pensa naqueles lugares que tem um maluco só pra servir água.
- Só pra água?
- Sim, no Estados Unidos eles chamam de busboy.
- Garoto-Ônibus? Parece o nome de um super-herói!
- É pq lá eles têm uma hierarquia entre os garçons. O Busboy completa os copos d´agua, limpa a mesa, leva a louça suja pra cozinha...
- Combate o crime... – completou Zelda.
Pedro revira os olhos, mas segue adiante:
- Sim, combate o crime. Acima dele, ainda pode ter garçom auxiliar, assistente de chefe de mesa, chefe de mesa e Maitre.
- E a comida se faz sozinha na cozinha! Legal!
- Cozinheiro tá fora dessa hierarquia, né, Zelda?
- E o que mais tem no restaurante francês?
- Ah, tudo é feito de forma muito eficiente. É preciso servir e retirar os pratos de forma quase imperceptível...
- Garçons-ninja, Pedro?
Pedro explicava as coisas bem compenetrado, mas essa foi a primeira piada que o fez sorrir:
- Por aí, garçom-ninja. Além disso, o cara deve cortar carnes, peixes, despejar molho no prato do cliente...
- Ôloco, Pedro! Tem certeza que eles não mastigam a comida, regurgitam e servem na boca das pessoas? É o princípio do pintinho!!
- Nem tanto, Zelda! A lógica aqui é a de que o cliente deve ter o menor trabalho possível!
- E ganhar a maior quantidade de peso possível! O cara não gasta caloria nem pra pegar o refrigerante na mesa pra servir seu próprio copo! Que terror! Não gosto dessa escola européia!
- É estilo. Deve ter cliente que gosta.
- Ah, não... Comigo não, violão! Eu levanto pra ir ao banheiro e quando volto o cara já trocou o meu prato, serviu meu refri, trouxe outro... Coisa de louco! Eu gosto de ter o mínimo de controle da situação! Deixa a minha comida aqui comigo, rapaz! Não se intrometa aqui, não!
- É, eu te entendo... Ok, você venceu! Vamos montar um restaurante!
- Mas sem princípio do pintinho!!
- Sim, Zelda, sim... sem pintinho.
No mercado financeiro, temos vários serviços diferentes para vários clientes. Mas tem me chamado a atenção para um tipo de serviço que parece que vem crescendo: e ele mais parece com a escola francesa de culinária!
A empresa já te diz o que é pra comprar, quando é pra comprar e coloca um monte de preços-alvos na sua tela. Mas não explica os racionais e não tenta ensinar disciplina ou educação financeira ao cliente.
No fim das contas o cara foge do mercado decepcionado, repetindo para os familiares que a bolsa é um cassino.
No mercado, acionário, assim como na mesa, é melhor saber exatamente o que está comendo - antes que a conta chegue.
Plantão de Dúvidas
Anotem em suas agendas, nosso próximo plantão de dúvidas será no dia 20/03 às 19:30.
